quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Santidade



Hoje amanheci com o coração meio apertado, na verdade, de uns tempos para cá tem sido sempre assim.
Pensava muita sobre uma pergunta que ontem me foi colocada, e junto com ela várias outras surgiam: qual o preço de nossa santidade, da minha mais especificamente? Será que estou vivendo uma vida santa, ou próximo de tal grandeza? Se realmente quero viver uma vida em plena comunhão com Deus, de que terei de abrir mão?
Dúvidas, questionamentos, uma vida a ser buscada. Quantas vezes já não me fiz esta pergunta. Por que agora ela soa em meus pensamentos diferente?
Todos os dias, todas as noites era consumida de uma única vontade, largar o tudo que tinha e me entregar profundamente à obra de Deus. Cartas foram enviadas desejando profundamente uma aceitação. Motivações, não tive, a não ser a vontade de estar e viver doando-me a Deus e ao próximo. Hoje, amadurecida, percebo que não era só uma busca de santidade que queria. O que de fato eu procurava, era uma forma de fugir da realidade em que vivia e de certa maneira, tentar arrancar a dor da culpa substituindo-a por uma boa ação.
Ontem recebi uma das cartas enviadas; “Aqui é o seu lugar” é o que tem escrito no envelope. Acho que preferia não tê-la recebido, muita coisas mudaram; na verdade não muitas, apenas uma coisa mudou. Não tenho muito do que abrir mão, a não ser meus estudos, que já não são tão importantes e minha família.
Estou em conflito comigo mesma, sem saber o que fazer. O meu interior diz neste momento para mim: Aline, você pode continuar e pode viver essa santidade aqui fora. Você não precisa se enclausurar para ser uma verdadeira serva do Bom Pastor.
O que faço? Tenho que enviar uma resposta. Se eu negar, disser não, será que estarei dando as costas ao meu Senhor?
O que vivi, o que eu vivo me faz serva, mais não por completo. Tenho limitações humanas que me impedem algumas vezes de fazer aquilo que um verdadeiro cristão faria. Sei que não estou no caminho errado, Tem um Ser superior, que me ama e me protege, que cuida de mim e ver os meus feitos. Sei que o que fiz não causa desgosto ao meu Rei, mas temo que o meu Não a esta carta possa fazer o Divino se entristecer.
Meu Deus, não posso ser infiel a Ti. Quero seguir-te sempre, Tê-lo como meu sustento para toda a vida.
Apesar de dizer não à carta, ao convite que me foi feito e que eu tanto desejei; meu coração sente ainda, talvez mais intensamente a necessidade de está em Deus.
Hoje, na igreja, olhando as irmãs da Fraternidade O Caminho, fui tomada de um forte desejo de ser como elas. Uma beleza que vem da alma, uma beleza divina. Uma vida de entregas, abdicações que resultam em uma felicidade que nós, de fora muitas vezes não compreendemos. Eles nada possuem, a não ser a certeza de que Deus é com eles. Em cada abraço dado, eles me concediam uma sensação de paz, de amor e proteção; mesmo me conhecendo pouco, eles me proporcionam uma amizade onde em nenhum outro lugar posso encontrar.
Então, consumida de uma dor que nem eu compreendo, me faço neste momento uma canoa, frágil e velha perdida em alto mar, onde quem me guia é o vento forte. Não sei onde irei parar se estarei inteira ou em pedaços. Em meio à escuridão do mar, o medo não me tomará, porque não há o que temer quando temos como guia o nosso Supremo Rei.

São Luis, 12/ 05/2010
Aline Xavier Bras

Nenhum comentário:

Postar um comentário