sábado, 18 de janeiro de 2014

Amor e dor



“O Amor não é amado, o Amor não é amado. Como poderemos amar uns aos outros se o Amor não é amado?”

Foram tantos os caminhos percorridos, foram tantas as felicidades vividas e tantos os amores perdidos.
Em minha pouca idade, em minha pouca experiência de vida, meu coração novamente vive aquilo que humanamente falando chega a ser difícil. Citamos tantas vezes o amor, tantas vezes nos deparamos com este sentimento que em seu contrário gera dor. Mas, o que é o amor sem a dor? E o que é a dor sem o amor? Um jogo de sentimentos e sensações que por hora magoa ou faz feliz? Sensações que incompreendidas chegam a ser renunciadas? Não quero amar e não quero sentir dor, no entanto, sofro por excluir ingredientes que deverão perdurar por toda a vida: amor e dor.
O amor é fruto de uma série de relacionamentos que são despertados dentro de nós. De todas as criaturas, nós somos os únicos dotados desta capacidade que nos faz semelhantes Àquele que quis nos dá um pouco de sua essência. Mas viver a essência de Deus nem sempre é fácil, pois requer coragem e força para ser violento a ponto de se dá para salvar o outro.
O amor tem lá suas coisas: suas diferenças e suas singularidades; suas ações e reações. Existe o amor ágape e o amor philia, mas nenhum deles se iguala ao amor Eros.  
Atualmente, o amor eros passa por deturpações. O eros é violento, é ciumento e egoísta. O Eros, por tanto amar e querer bem ao outro, acaba aprisionando e sufocando aquele que deveria ser privado de qualquer ato de mesquinharia vindo da parte daquele que outrora encontra-se preso em sentimentos meramente humanos e carnais.
Desta forma, observando o quão longe uma pessoa enfeitiçada pelo eros pode ir, penso que este precisa ser convertido à sua verdadeira origem, ou seja, a deturpação que este sofreu deve ser combatida ao máximo. O amor eros, antes de ser concretizado, precisa passar pelo amor ágape e em seguida pelo amor philia, ou seja, quando nós nos tornamos capazes de amar, precisamos fazer com que este amor, que provém  de Deus permaneça em nós, e uma vez em nós, Ele nos faz capaz de desenvolver 3 dimensões diferentes do amor que se completam: o amor ágape, o amor philia e o amor Eros.
Amor ágape consiste no amor puro, aquele que provém diretamente do Verbo. Um amor que em sua totalidade nos alcança a fim de nos fazer criaturas capazes de Deus. Por meio do amor ágape, a pessoa dotada pelo eros aprende que o amor, acima de tudo é um ato de doação. Aprende que o próximo deve ser tratado como o ser que foi criado única e exclusivamente por Criador. Eu passo a ver os traços de Deus modelado no outro, vejo em seus atos, trejeitos de quem nasceu para incendiar o mundo. Amadurecido, transformado em criatura do Criador, a pessoa dotada pelo eros também precisa passar pela segunda etapa que é o amor philia.
No amor philia, iremos ver como o ser humano possui fraquezas e limitações. O Amor philia, consiste no amor fraterno, no amor também desinteressado. Um amor que se doa para o bem está do outro. É basicamente o que Paulo diz em sua carta aos eclesiásticos: “um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou, descobriu um tesouro” (Eclesiástico 6, 14)
Finalmente chegamos ao amor Eros. Em sua forma real, o eros é nada mais e nada menos do que a essência do amor ágape e philia. De acordo com a filosofia grega, o amor Eros se expõe como falta, e o que falta em mim, busco no outro. O Eros é carregado de paixão, que no grego, quer dizer sofrimento. “é o amor que amadurece até à sua grandeza quando o corpo e a alma se fundem verdadeiramente numa unidade” (Caristas Est)
Trazendo essas 3 dimensões do amor  na Palavra de Deus, perceberemos que estes encontram-se resumidos em dois mandamentos deixados por Jesus: “Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.” (Marcos 12, 30-31)
Mediante essas palavras, quero afirmar que o amor, independente de sua forma, sempre virá remediado de dor. Não há como amadurecer no amor sem perpassar por pequenas frustrações, por pequenos sofrimentos, pois são eles que nos conduz ao verdadeiro amadurecimento. A pessoa que ama precisa entender que seus sentimentos nem sempre serão correspondido por uma série de fatores que apenas sobre o olhar humano, são  incompreendidos. Então, preciso com humilde dizer: Deus, meu Deus,  toma de conta.
Nossos sonhos não são irrealizáveis e nem nossos sentimentos são irrelevantes. Eles surgiram por alguma razão, estão presentes em nosso interior por uma escolha nossa e pelo permitir de Deus.

Se somos fracos pra suportar, peçamos força ao Pai auxílio; que Ele faça da pedra que somos nós, um retrato Dele.

São Luís, 18/01/2014
Aline Xavier Bras

domingo, 23 de junho de 2013

Uma análise sobre o fruto proibido

Durante esta semana, ao ler um artigo da professora Adriana Zierer[1] passei a refletir sobre a árvore do bem e do mal e o fruto proibido. Absorta naquilo que o artigo tratava, passei a questionar-me: quem disse que a maçã é o fruto proibido? Embasada na obra, quero aqui partilhar um pouco sobre a opinião que a professora e escritora apresenta aos leitores com relação aos significados medievais que tal fruto carrega em toda sua história.
Ao longo de nossa existência, tomamos conhecimento da história de Adão e Eva e a origem do pecado a partir do momento em que estes, ao se deixarem seduzir pelas propostas da serpente, comem o fruto proibido, atualmente representado pela maçã. Mas porque a maçã, se a Bíblia não se refere a ela como sendo o tal fruto? Sem saber como a fruta foi associada ao fruto proibido, Zierer nos apresenta duas obras de arte no qual ela detalha cada parte da obra a fim de nos fazer interpretar o equilíbrio existente no meio trabalhado.
A primeira obra a ser detalhada trata-se da pintura de Lucas Cranach[2] (1472-1553), Adão e Eva, 1533. Valorizando sempre o nu, Cranach usava traços sensuais nas suas obras de caráter religioso e mitológico. Ao representar o primeiro casal humano criado por Deus, o artista “segue a visão cristã medieval
a respeito do pecado original”, expondo um equilíbrio entre o bem e o mal e, o forte e o fraco.
Na obra, percebe-se certa proximidade entre Eva e a serpente. Tal aproximação evidencia o mal completamente ligado à mulher, que assume uma postura dissimulada perante o seu companheiro ao esconder a maçã ao mesmo tempo em que lhe oferece outra. Segundo Zierer, “o ato de esconder sugere ao espectador uma intenção claramente maliciosa por parte de Eva”. E com relação a Adão? Bem, não posso seguir aqui a mesma linha da autora, pois ela afirma que Adão estava completamente seduzido por Eva. Prefiro acreditar que Adão estava confiando em sua companheira. O olhar fixo nos olhos dela nos assegura tal realidade.  
A presença dos animais também nos revela algumas teorias bastante relevantes. Zierer acredita que a presença dos animais é que assegura o equilíbrio citado anteriormente. Símbolo do mal, a serpente foi o canal que convenceu e encaminhou Eva ao pecado original. A fim de nos mostrar certa “harmonia” nos espaço apresentado, o artista acrescenta à composição o cervo e o leão com o intuito de nos mostrar que no Jardim do Éden havia um “convívio pacífico entre um predador e a sua presa.
“O cervo, que se encontra próximo de Adão, tem uma analogia com a árvore da vida. Sua galhada é um símbolo de renovação cíclica, pois renova-se a cada ano. Ele é portado da luz, inimigo da serpente e representa Cristo” (Zierer, 2013, p. 21)
Estando associado à força e ao poder (rei das selvas), o leão “simboliza a encarnação do poder”.
Esta é apenas uma de muitas interpretações que podem surgir sobre esta obra de arte, o que não impede de partilhar outras análises, uma vez que esta, em particular, não explica o real sentido da obra e como ela está associada aos personagens representados.
Feita a análise desta primeira obra, Zierer vem nos dizer em seu artigo que a maçã, possuía duplo significado durante a Idade Média: fruto do pecado original e, fruto da absolvição do pecado, que veremos logo a seguir em uma segunda obra de Lucas Cranach.
Na obra A Virgem e o Menino (1525-1530), a figura da maçã novamente se faz presente com um sentido diferente da obra analisada anteriormente. Aqui o Menino “segura em suas mãos pão e maçã”. Maria representa a segunda Eva, que como um antídoto, vem redimir o pecado da primeira. Logo, nesta
representação, assim como a maçã pode ter um significado de causadora do pecado, ela também aqui pode representar a salvação, assim como o pão (corpo de Cristo).
Em latim, maçã tem a mesma escrita que a palavra mal, mas conforme Zierer, dentro do contexto medieval, a maçã representa várias culturas e “devido ao fato de suas raízes mergulharem no solo e seus galhos voltaram-se ao céu, é considerada como representante das relações entre a terra e o céu” (Zierer, 2013, p. 22). Tal interpretação faz com que este se torne o “eixo do mundo”, sendo relacionada à redenção, “que na iconografia cristã é representada como a árvore da vida”.
Também sendo associada a vários deuses da mitologia grega, a árvore, assim como o seu fruto, simboliza a fé e o conhecimento, representando Cristo. O fruto também vem trazer outra reflexão, dor e sofrimento, pois a partir do momento em que eles (Adão e Eva) adquiriram a capacidade de discernimento ao comer o fruto, eles também passaram a ter uma vida de tribulações, perdendo a imortalidade e sendo expulsos do Jardim do Éden.
Eis aqui uma riqueza de conhecimento que precisa ser partilhado com os demais. Algo que envolve fé, razão, cultura e conhecimento. Uma narrativa que merece ser refletida a fim de acrescentar algo em nossas vidas.
Sabendo que a maça, além de ser associada ao pecado original, nos dias de hoje também vem representar o sentimento entre os casais apaixonados. Fruto do amor, a maçã é algo que vê sendo relacionada ao amor em seus mais diversos aspectos, e é por essa razão que irei usufruir do pensamento de Santo Agostinho em sua jornada de conversão: “O coração é recipiente do amor divino e os homens devem procurar o conhecimento através do amor”.
São Luís, 23/06/2013
Aline Xavier Bras





[1] Doutora em História Medieval pela UFF, docente da UEMA e professora colaboradora do Mestrado em História Social da UFMA.
[2] Pintor da corte da Saxônia até 1550 e prefeito de Wittenberg em 1537, foi também um dos expoentes do renascimento alemão.

domingo, 26 de maio de 2013

Contemplar Jesus por meio de Maria


Em um mundo marcado de ressentimentos, eis que certa vez uma mulher entoou o mais belo cântico de louvor, um cântico direcionado unicamente ao seu Senhor: “Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador; porque atentou na baixeza de sua serva; pois eis que desde agora todas as gerações me chamarão bem-aventurada...” (Lucas 1, 46-48)
Quão bem aventurada é esta mulher que até os dias de hoje, tem como desejo exaltar ao seu Criador. Mulher que ao ser imitada nos faz contemplar o Cristo redentor, pois é ela o modelo insuperável de contemplação.
Se nos colocarmos diante da história de vida de Maria, perceberemos com clareza que esta simples mulher percorreu caminhos que nenhuma outra criatura poderia seguir, nem mesmo os apóstolos escolhidos por Jesus. Maria, assim como a oração do santo terço apresenta, é um inventário de todos os passos dados por seu filho. Quem consegue fixar o olhar na Virgem, consegue identificar o mistério ordinário e também doloroso da humanidade de Cristo. O que Jesus sentia no corpo, Maria sentia na alma. Sentia na alma de forma incompreensível, como ocorreu na perca e no encontro do Menino que diante da sua angustia dizia: “Por que é que me procuráveis? Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?” (Lucas 2, 49)
Em uma escala cronológica, notaremos que Maria apresentou ao seu filho diversos olhares: um olhar adorador, como foi em seu nascimento deitado em uma manjedoura; um olhar interrogativo, como citado acima, quando Jesus estava no templo junto aos doutores; um olhar penetrante de quem advinha os sentimentos do Filho, como foi em Caná (João 2, 5) e até mesmo um olhar de dor, como foi ao ver seu Filho ser humilhado, flagela e crucificado.  Mas os olhares de Maria não abrangem somente esta quatro fases. Existe ainda o olhar radiante de alegria com a ressurreição de Jesus; e o olhar maternal de quem dá novamente à luz quando Jesus diz, “mulher, eis aí os teus filhos.”
Contemplar Jesus por meio de Maria é fazer com que cada momento seja refletido com profundidade. Papa João Paulo afirmava que por meio das recordações (pois lembrar Maria é recordar a vida de Jesus) de Maria, foi que surgiu a oração do Rosário, pois ela propõe os mistérios do seu Filho, sintonizando com lembranças e com olhares aquilo que ela lembrou e contemplou junto ao seu Amado.
“O Rosário, precisamente a partir da experiência de Maria, é uma oração marcadamente contemplativa” quando rezado com conversão. Por isso a oração do Rosário não pode ser um ato repetitivo, pois o seu resultado deve ser um brado salvístico, pois lembrar Jesus, percorrer o caminho de vida, missão e morte é mergulhar nas profundezas do amor junto a Virgem.

O Rosário sem contemplação “é um corpo sem alma”, assim como caminhar com Maria é um recordar perfeito de Jesus! Por isso se faz necessário buscarmos Maria sempre que possível. Não há ninguém que melhor ensine a amar e a obedecer; não há nenhum outro que ensine a contemplar de forma tão eficaz quanto Maria, pois é ela “o verdadeiro ícone da maternidade da Igreja”.

São Luís, 25/05/2013
Aline Xavier Bras

sexta-feira, 24 de maio de 2013

A riqueza cultural disposta pela Igreja Católica




Como comunidade cristã, a Igreja Católica dispõe de riquezas com valores imensuráveis junto à sociedade, riquezas essas que serão carregadas por toda uma vida, tornando-se indestrutíveis, pois em sua maioria, trata-se de bens imateriais a serem contempladas e preservadas.
Em busca do conhecimento, a Igreja ao longo da sua existência tem colaborado de forma direta para o progresso da sociedade no que tange aspectos culturais e científicos. Foram muitos os estudos que buscavam compreender a nossa origem e como se dava a disposição de todas as coisas; muitos foram os métodos usados para a criação do sistema agrícola e industrial, além de estudos visando compreender o nosso sistema solar. E o que dizer de suas ações durante a Idade Média? Uma luz em meio às trevas!
Apesar da sua atuação enriquecedora dentro do meio social, há que venha julgar e condenar a Igreja. Ao menor erro ou deslize, tudo o que ela fez de bom para a sociedade desaparece, prevalecendo apenas os erros cometidos por aqueles que a representam. Mas, apesar de todas as turbulências, eis que as suportaremos felizes, pois a “sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” (Mateus 16, 18)
Quando falamos de riqueza cultural disposta pela Igreja, falamos daquilo que ela deixou e permanece até os dias atuais. Uma dessas heranças preservadas e fortemente presente nos dias de hoje, trata-se das imagens que como seta, orienta os fiéis a percorrer um caminho de santidade de forma mais firme. Mas tal manifestação artística foi alvo de heresias que nos condenavam e condenam até hoje.
Estudos realizados por Thomas E. Woods revela que nos séculos VIII e IX surgiu uma heresia que “rejeitava a veneração de imagens, ícones ou símbolos religiosos, e chegou a rejeitar a representação de Cristo e dos santos em qualquer tipo de arte”. Tal heresia é denominada de Iconoclasmo.
Adotado pelo imperador bizantino Leão III, a iconoclastia pretendia “proclamar uma doutrina que todos os que cressem em Cristo deviam aceitá-la”, pois a arte não poderia ser algo figurativo, ou seja, elas não poderiam representar a figura de Deus, ou Maomé, como é chamada na cultura islâmica. Leão III acredita que suas derrotas em batalhas enfrentadas contra os muçulmanos era castigo de “Deus por eles fazerem ícones e imagens” representando a Divindade.  Em protesto contra está lei, o monge São João Damasceno, com base bíblica e, fundamentado na tradição da Igreja, argumentava “que Deus não se opõe à veneração das imagens; em conseqüência, defendia teologicamente toda a arte religiosa”.
Fazer arte, de modo especial, arte religiosa requer um método que consiste em apóia-se “em princípios teológicos católicos”, a fim de compreendemos o real sentido transparecido por uma obra artística. Graças a tais fundamentações teológicas, no ano de 843, a iconoclastia foi abandonada pelos bizantinos que “voltaram a criar e venerar os ícones de Cristo e dos santos”.
Logo, as artes religiosas possuem por trás de toda a sua matéria algo extraordinário, é uma força mística que carrega o ambiente e proporciona à pessoa uma intimidade com Deus. Nisso consiste a arte bem elaborada: proporcionar intimidade. As imagens, as pinturas, construções e todas as demais obras religiosas funcionam como setas que indicam o caminho. Um santo, quando representado por um ícone, tem o poder de dizer que seguindo os seus passos estaremos aptos a nos tornar santo, assim como a cruz, que informa que alguém foi capaz de se sujeitar à humilhação de morrer como criminoso para nos salvar, logo, nos fazer refletir e contemplar é a função exercida pelas artes católicas expostas para serem veneradas pelos fiéis.
São Luís, 22/05/2013
Aline Xavier Bras

Refletindo o santo Rosário...



 
Em toda a história da humanidade nunca houve nada mais belo e contemplativo do que a oração do rosário quando feita com devoção. É um abrir mão de todas as coisas para mergulhar em uma narrativa que nos leva a sentir o gozo, a dor, a glória e a iluminação dos mistérios que regem a vida Daquele que nos ama!
Sendo formado no segundo Milênio, na região do Ocidente, o Rosário é uma das orações preferidas dos religiosos católicos, pois ele trás consigo a capacidade de nos fazer contemplar toda a vida de Cristo, elevando a alma de quem o reza a Deus. O rosário produz frutos de santidade, nos impulsionando por meio do Espírito Santo a afirmarmos com toda a força de nossa a alma que Cristo é o caminho, a verdade e a vida.
Apesar de ser regido de orações marianas, o rosário tem como único objetivo “deixar-se introduzir na contemplação da beleza do rosto de Cristo e na experiência da profundidade do seu amor”, pois Maria tem como meta, levar-nos ao seu filho amado.
 É notável que a presença da Virgem em cada mistério é uma forma de pedir a sua poderosa intercessão em nossas vidas a fim de que futuramente obtenhamos a graça ao olhar embevecidamente para cada passo de nosso Senhor assim como ela o fez. Desta forma, conforme explicitado na Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte: “recitar o rosário nada mais é senão contemplar com Maria o rosto de Cristo”. E neste recitar, Papa João Paulo II afirmava que “o rosário, quando descoberto no seu pleno significado, conduz ao âmago da vida cristã, oferecendo uma ordinária e fecunda oportunidade espiritual e pedagógica para a contemplação pessoal, formação do Povo de Deus e a nova evangelização” [1].
Em uma época onde a oração dos leigos encontra-se em crise, o rosário tornar-se uma expressão de fé a ser resgatada, pois há quem diga que o mesmo foge à liturgia, além de trazer em si um caráter ecumênico. Mas Papa João Paulo II abre nossos olhos, esclarecendo que “esta oração não só não se opõe à Liturgia, mas serve-lhe de apoio... ao recolher seus frutos na vida quotidiana”. Quanto à natureza ecumênica, “o Concílio delineou: um culto orientado ao centro cristológico da fé cristã, de forma que, honrando a Mãe, melhor se conheça, ame e glorifique o Filho...”
Em tempos de guerras, lembrar o Rosário é trazer à memória a aparição de Nossa Senhora de Fátima que pedia a oração do terço pela paz mundial. É saber reconhecer a urgência da atualidade e correr aos braços do Pai por meio da recitação do Rosário, firmando um compromisso de “serviço à paz”.  É reconhecer que a exemplo da Mãe do Salvador, alimentamos a nossa alma de instinto meio que maternal, cujo olhar fixo ama, adora e espera Naquele que é simplesmente o mais puro e verdadeiro Amor.

São Luís, 22/05/2013
Aline Xavier Bras




[1] Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Deus te deu a mim

Em dados momentos de nossas vidas, Deus chega até nós para manifestar o seu pensar em forma de poesia sobre aqueles que se deixam ser usados como instrumentos. Pensamentos poéticos que surgem dentro de nós como uma espécie de oração que cala fundo os nossos corações. Paramos e refletimos, chegando à conclusão de que essas são palavras que serão lembradas por toda uma vida. Eis aqui um dos belíssimos pensamentos que Deus suscita nos corações de alguns jovens que são canais da graça!


" 'Talvez Deus deseje te dar esta pessoa...' Mas como assim, dar uma pessoa? Soa tão estranho, não parece que torna o outro uma coisa? (...) João Paulo II nos ensinou com a vida que amizade é olhar o outro como um dom, um presente criado por Deus. E presente a gente dá, 'doa' a alguém, não retém para si." (Treco do livro: Quero um amor maior - Adriano Gonçalves)

E só Deus em sua tamanha generosidade poderia nos dar tão grande presente. Mesmo sabendo que você, ela, ele, eu somos a coisa mais amada e valiosa para Ele, ainda assim, não nos reteve somente para si. Muito pelo contrário. Te deu à mim, me deu à você. E tá pensando que esse 'não reter' para só aí? Acredito que vai muito além.. Muito mais além.
Quer saber o que é esse 'ir mais além' ? 
Pare e apenas olhe para esse presente que Deus te deu e vai lembrando de tudo o que já se passou até chegar nesse exato momento... Pensou?
Sofreram? Riram? Choraram? Se sacrificaram? Mudaram? E em algum devido momento desistiram de caminhar juntos por acharem que não dava mais ou até mesmo por estarem inseguros?
Devido a tudo isso creio que o sentimento seja de verdade. Sabe por que? Porque pra ser amor de verdade algumas vezes tem que doer e até fazer chorar um pouquinho. Não pense você que o amor são só sorrisos e caminhos sem espinhos, porque não são.

Ah, lembra do ir mais além que havia falado antes? Então, é isso! Crescer. Se tornar gigante para o outro e para nós. E mesmo com todas as nossas limitações ser mais gente.

E sabe o que é mais maravilhoso nisso tudo? 
Saber que tudo com Deus é um continuação. Uma coisa vai ligando a outra. Deve ser por isso que todo dia acordamos com mais vontade por essa busca pela eternidade, porque ela se faz em todo amanhecer e se renova em todo entardecer.

"Deus te deu a mim" e esse é um dos grandes propósitos de Deus para a nossa vida: conservar o amor que Ele nos deu e esse amor é você, sou eu... Somos nós!

Rio de Janeiro, 20/05/2013
Hayanne Cristhian

domingo, 5 de maio de 2013

Igreja e ciência: trilhando o caminho do conhecimento II


Ao longo dos dias temos feito abordagens revelando a verdade por trás de todo o progresso científico do contexto histórico que foi vivido séculos atrás até os dias de hoje. Levantamos assuntos relacionados à Idade das Trevas que também é a Idade da luz e, o quanto os monges exerceram fundamental importância para o desenvolvimento das tecnologias. Ainda sim, muitas coisas precisam ser estudadas e reveladas à sociedade que por falta de conhecimento, tende a julgar a Igreja por algo que ela não fez, não nas proporções divulgadas pela mídia.
A partir de algumas leituras e até mesmo com base em algumas reportagens, percebemos que historiadores têm notado a importância da Igreja no desenvolvimento da ciência, mas, apesar dos números de trabalhos escritos, a sociedade dominante ainda tende a limitar o acesso a essas fontes. Desta forma, é necessário que desmitifiquemos algumas teorias incertas divulgadas mundo a fora. Mas que teorias são essas?
Assim como em textos anteriores afirmamos que a Idade das Trevas foi um período não de decadência, mas de progresso científico e cultural; a Revolução Industrial não reduziu a qualidade de vida, pelo contrário, houve nessa época um crescimento do padrão elevado da média de vida[1]. Citamos também o caso de Galileu, onde a Igreja, de acordo com as suas teorias, o apoiava, mas por falta de comprovações científicas, pedia que este, ao ensinar, expusesse a teoria como hipótese, não como uma verdade absoluta. Assim como este três exemplos, há diversas realidades no qual a Igreja está envolvida diretamente para o bem estar da sociedade, mas infelizmente, a sua ação ainda é algo que o sistema político faz questão de ocultar por meio da deturpação de suas ações.
É interessante que aqui, revelemos que a tradição da Igreja, independente do período (antiguidade, pré-história, Idade Média...) visa apenas conceber Deus “como realidade racional e ordenada” [2], sendo que Deus impôs uma ordem às obras de sua sabedoria no ato da criação. 
Falando em criação, Pe. Jaki atenta para ordem na qual Deus realiza a sua obra. Com base no livro de Sabedoria 11, 20 que afirma que “Deus dispôs de todas as coisas com medida, quantidade e peso”; Jaki interpreta que Deus “não apenas deu suporte aos cristãos que defenderam a racionalidade do universo nos fins da Antiguidade, como também incentivou os cristão que viveram um milênio mais tarde, no começo da ciência moderna, ao investir em pesquisas quantitativas como caminho para entender o universo”. É interessante percebemos que ao longo da história, quem deu corpo e iniciou o progresso da ciência e do pensamento científico foram os católicos, e isso ocorre porque o ambiente católico estava preenchido de bases que reforçava essa iniciativa, ou seja, havia um conhecimento para que o progresso tivesse sua gênese dentro deste ambiente religioso.
Desta forma, a Igreja e as pessoas que estudam as suas ações conduzem um passo de fé e razão, logo, não foi por acaso que o Catolicismo implantou aos poucos o sistema universitário: uma vez que acreditamos que “a natureza opera de acordo com os padrões fixos e inteligíveis”, reconhecemos que a ação de Deus não se dá de forma arbitrária. Acreditamos e reconhecemos o milagre como algo real e sobrenatural, “mas a própria idéia de milagre já sugere que se trata de algo incomum” dentro de um plano natural e realista.
Fundamentados nessa teoria, podemos afirmar também que a ciência deve partir de uma teoria, de uma filosofia e principalmente da fé. Somente assim a ciência, quando especulada, ganha um norteamento com base sólida e um método para sua concretização, sendo que hoje “a fé metafísica é quem sustenta a fé na ciência”.
Apesar de todos os estudos, torna-se -à medida que obtemos informações sobre a ordem natural das coisas e do universo- evidente que a ciência é algo que provém de uma ordem Divina.
Dentro de todo este contexto de buscar o conhecimento por meio da fé e estando ciente de que é por meio da fé que passamos a conhecer, utilizo o pensamento de Adelardo Bath para encerrar esta breve reflexão: “é pela razão que somos homens, assim, se virássemos as costas para a surpreendente beleza racional do universo em que vivemos, mereceríamos sem dúvida ser expulsos dele, como um hóspede que se comporta mal na casa em que foi recebido. Não pretendo tirar nada de Deus, porque tudo o que existe provém dEle...”
Logo, tudo pertence a Deus e o que está nesta terra também pertence a nós, pois tudo Ele nos, mas, uma vez que o homem tenta ser Deus e excluí-Lo de tudo o que existe, tornamo-nos filhos desobedientes que tenta usurpar a criação de alguém. Só podemos explicar as coisas quando enxergamos a realidade do universo com os olhos da fé, ou seja, é necessário explicar todas as coisas por meio de Deus, do contrário, tenderemos ao fracasso do conhecimento.
São Luís, 05/05/2013
Aline Xavier Bras


[1] Historiado Pierre Duhen
[2] Pe. Stanley Jaki é historiador e doutor em teologia.