sábado, 18 de janeiro de 2014

Amor e dor



“O Amor não é amado, o Amor não é amado. Como poderemos amar uns aos outros se o Amor não é amado?”

Foram tantos os caminhos percorridos, foram tantas as felicidades vividas e tantos os amores perdidos.
Em minha pouca idade, em minha pouca experiência de vida, meu coração novamente vive aquilo que humanamente falando chega a ser difícil. Citamos tantas vezes o amor, tantas vezes nos deparamos com este sentimento que em seu contrário gera dor. Mas, o que é o amor sem a dor? E o que é a dor sem o amor? Um jogo de sentimentos e sensações que por hora magoa ou faz feliz? Sensações que incompreendidas chegam a ser renunciadas? Não quero amar e não quero sentir dor, no entanto, sofro por excluir ingredientes que deverão perdurar por toda a vida: amor e dor.
O amor é fruto de uma série de relacionamentos que são despertados dentro de nós. De todas as criaturas, nós somos os únicos dotados desta capacidade que nos faz semelhantes Àquele que quis nos dá um pouco de sua essência. Mas viver a essência de Deus nem sempre é fácil, pois requer coragem e força para ser violento a ponto de se dá para salvar o outro.
O amor tem lá suas coisas: suas diferenças e suas singularidades; suas ações e reações. Existe o amor ágape e o amor philia, mas nenhum deles se iguala ao amor Eros.  
Atualmente, o amor eros passa por deturpações. O eros é violento, é ciumento e egoísta. O Eros, por tanto amar e querer bem ao outro, acaba aprisionando e sufocando aquele que deveria ser privado de qualquer ato de mesquinharia vindo da parte daquele que outrora encontra-se preso em sentimentos meramente humanos e carnais.
Desta forma, observando o quão longe uma pessoa enfeitiçada pelo eros pode ir, penso que este precisa ser convertido à sua verdadeira origem, ou seja, a deturpação que este sofreu deve ser combatida ao máximo. O amor eros, antes de ser concretizado, precisa passar pelo amor ágape e em seguida pelo amor philia, ou seja, quando nós nos tornamos capazes de amar, precisamos fazer com que este amor, que provém  de Deus permaneça em nós, e uma vez em nós, Ele nos faz capaz de desenvolver 3 dimensões diferentes do amor que se completam: o amor ágape, o amor philia e o amor Eros.
Amor ágape consiste no amor puro, aquele que provém diretamente do Verbo. Um amor que em sua totalidade nos alcança a fim de nos fazer criaturas capazes de Deus. Por meio do amor ágape, a pessoa dotada pelo eros aprende que o amor, acima de tudo é um ato de doação. Aprende que o próximo deve ser tratado como o ser que foi criado única e exclusivamente por Criador. Eu passo a ver os traços de Deus modelado no outro, vejo em seus atos, trejeitos de quem nasceu para incendiar o mundo. Amadurecido, transformado em criatura do Criador, a pessoa dotada pelo eros também precisa passar pela segunda etapa que é o amor philia.
No amor philia, iremos ver como o ser humano possui fraquezas e limitações. O Amor philia, consiste no amor fraterno, no amor também desinteressado. Um amor que se doa para o bem está do outro. É basicamente o que Paulo diz em sua carta aos eclesiásticos: “um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou, descobriu um tesouro” (Eclesiástico 6, 14)
Finalmente chegamos ao amor Eros. Em sua forma real, o eros é nada mais e nada menos do que a essência do amor ágape e philia. De acordo com a filosofia grega, o amor Eros se expõe como falta, e o que falta em mim, busco no outro. O Eros é carregado de paixão, que no grego, quer dizer sofrimento. “é o amor que amadurece até à sua grandeza quando o corpo e a alma se fundem verdadeiramente numa unidade” (Caristas Est)
Trazendo essas 3 dimensões do amor  na Palavra de Deus, perceberemos que estes encontram-se resumidos em dois mandamentos deixados por Jesus: “Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.” (Marcos 12, 30-31)
Mediante essas palavras, quero afirmar que o amor, independente de sua forma, sempre virá remediado de dor. Não há como amadurecer no amor sem perpassar por pequenas frustrações, por pequenos sofrimentos, pois são eles que nos conduz ao verdadeiro amadurecimento. A pessoa que ama precisa entender que seus sentimentos nem sempre serão correspondido por uma série de fatores que apenas sobre o olhar humano, são  incompreendidos. Então, preciso com humilde dizer: Deus, meu Deus,  toma de conta.
Nossos sonhos não são irrealizáveis e nem nossos sentimentos são irrelevantes. Eles surgiram por alguma razão, estão presentes em nosso interior por uma escolha nossa e pelo permitir de Deus.

Se somos fracos pra suportar, peçamos força ao Pai auxílio; que Ele faça da pedra que somos nós, um retrato Dele.

São Luís, 18/01/2014
Aline Xavier Bras