Como
comunidade cristã, a Igreja Católica dispõe de riquezas com valores
imensuráveis junto à sociedade, riquezas essas que serão carregadas por toda
uma vida, tornando-se indestrutíveis, pois em sua maioria, trata-se de bens
imateriais a serem contempladas e preservadas.
Em busca do
conhecimento, a Igreja ao longo da sua existência tem colaborado de forma
direta para o progresso da sociedade no que tange aspectos culturais e
científicos. Foram muitos os estudos que buscavam compreender a nossa origem e
como se dava a disposição de todas as coisas; muitos foram os métodos usados
para a criação do sistema agrícola e industrial, além de estudos visando
compreender o nosso sistema solar. E o que dizer de suas ações durante a Idade
Média? Uma luz em meio às trevas!
Apesar da sua
atuação enriquecedora dentro do meio social, há que venha julgar e condenar a
Igreja. Ao menor erro ou deslize, tudo o que ela fez de bom para a sociedade
desaparece, prevalecendo apenas os erros cometidos por aqueles que a
representam. Mas, apesar de todas as turbulências, eis que as suportaremos
felizes, pois a “sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do
inferno não prevalecerão contra ela.” (Mateus 16, 18)
Quando
falamos de riqueza cultural disposta pela Igreja, falamos daquilo que ela
deixou e permanece até os dias atuais. Uma dessas heranças preservadas e
fortemente presente nos dias de hoje, trata-se das imagens que como seta, orienta
os fiéis a percorrer um caminho de santidade de forma mais firme. Mas tal
manifestação artística foi alvo de heresias que nos condenavam e condenam até
hoje.
Estudos
realizados por Thomas E. Woods revela que nos séculos VIII e IX surgiu uma
heresia que “rejeitava a veneração de imagens, ícones ou símbolos religiosos, e
chegou a rejeitar a representação de Cristo e dos santos em qualquer tipo de
arte”. Tal heresia é denominada de Iconoclasmo.
Adotado pelo
imperador bizantino Leão III, a iconoclastia pretendia “proclamar uma doutrina
que todos os que cressem em Cristo deviam aceitá-la”, pois a arte não poderia
ser algo figurativo, ou seja, elas não poderiam representar a figura de Deus,
ou Maomé, como é chamada na cultura islâmica. Leão III acredita que suas derrotas
em batalhas enfrentadas contra os muçulmanos era castigo de “Deus por eles
fazerem ícones e imagens” representando a Divindade. Em protesto contra está lei, o monge São João
Damasceno, com base bíblica e, fundamentado na tradição da Igreja, argumentava
“que Deus não se opõe à veneração das imagens; em conseqüência, defendia
teologicamente toda a arte religiosa”.
Fazer arte,
de modo especial, arte religiosa requer um método que consiste em apóia-se “em
princípios teológicos católicos”, a fim de compreendemos o real sentido
transparecido por uma obra artística. Graças a tais fundamentações teológicas,
no ano de 843, a iconoclastia foi abandonada pelos bizantinos que “voltaram a
criar e venerar os ícones de Cristo e dos santos”.
Logo, as
artes religiosas possuem por trás de toda a sua matéria algo extraordinário, é
uma força mística que carrega o ambiente e proporciona à pessoa uma intimidade
com Deus. Nisso consiste a arte bem elaborada: proporcionar intimidade. As
imagens, as pinturas, construções e todas as demais obras religiosas funcionam
como setas que indicam o caminho. Um santo, quando representado por um ícone,
tem o poder de dizer que seguindo os seus passos estaremos aptos a nos tornar
santo, assim como a cruz, que informa que alguém foi capaz de se sujeitar à
humilhação de morrer como criminoso para nos salvar, logo, nos fazer refletir e
contemplar é a função exercida pelas artes católicas expostas para serem
veneradas pelos fiéis.
São Luís, 22/05/2013
Aline Xavier Bras
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