sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Momentos

Há momentos que só queremos colocar para fora o que não temos dentro da gente...
Há momentos que só queremos adquirir aquilo que achamos que não possuímos...
Há momentos que só queremos ter um momento.
Foi assim que amanheci nesta manhã: desejando ardentemente ter um momento. Como ele seria não sei dizer, só sei que gostaria de tê-lo.
Então, desejando encontrá-lo, procuro sair de casa um pouco mais cedo, mas acabo por sair mais tarde do que previa, na verdade, estou um pouco atrasada.
Apesar de tarde, o mundo aqui fora parece está meio vazio. O ônibus_ geralmente cheio_ possui cadeiras vagas, o terminal com poucas pessoas e a universidade quase deserta.
Sozinha em sala de aula começo a rabiscar em meu caderno este texto, no qual tento explicitar o imenso desejo de ter um momento.
Um barulho... Escuto em meio ao silêncio uma canção, mas não é uma canção cantada por homens e sim entoada por Deus.
Olho pela janela e vejo que chove, ficando a cada minuto mais forte. As águas da chuva batendo nas folhagens das árvores acabam por emitir uma melodia triste e melancólica. Deus chora as dores do mundo.
Desejo um momento em que eu me sinta livre de tudo e de todos que me prendem a este mundo; desejo um momento em que eu esteja presa somente ao Tudo, meu Rei e Senhor.
É este momento que procuro e não encontro. Geralmente eu o sinto quando me coloco a adorá-Lo, quando ali em meio ao ostensório o vejo. Mas já faz tanto tempo que não vou à capela vê-Lo exposto que agora só me cabe o desejo.
Momentos, apenas o momento... Lembro do Eterno. Alguém escreveu sobre ele baseado em uma canção: “O tempo esconde o que é eterno”. Lembro-me de uma outra canção que também fala do eterno: Abraço Eterno.
É isso! O abraço eterno é o que procuro e não encontro; Ele está em minha frente e não O vejo; Ele me chama pelo nome, mas não O escuto. Ele me quer, mas não me entrego verdadeiramente apesar de tanto desejar.
Desta forma, almejando por este momento, trago uma frase que expressa o que sinto dentro de mim:
“Amor tão grande, amor tão forte, amor suave, amor sem fim”.
Mesmo com tantas dores eu amo. Amo o Eterno e amo um alguém. Alguém, eu o amo sim. Mas o amor tudo entende, tudo compreende e tudo suporta por mais sofrido que seja.
Agora devo parar, a aula vai começar e hoje quero ficar até terminar o horário. Mas só o meu corpo vai permanecer aqui; minha mente voa longe em busca de novos horizontes cantando a canção...
“... Que a própria morte transforma em vida, Abraço eterno de Deus em mim
Nem as torrentes das grandes águas conseguirão apagar este amor
Pois suas chamas são fogo ardente, mais do que a morte é tão forte esse amor.
De abraço esmagante, de ausência torturante, de noite e luz é feito esse amor”.
São  Luís, 21/ 06/ 2010
Aline Xavier Bras

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