quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Adeus



A vida é constituída de constantes despedidas; estamos sempre tendo que dizer adeus a alguma coisa ou a alguém. Dizemos adeus pelo dia que passou, por algo que acabou, ou sentimento que se dispensou. Mas de todos os adeuses existe aquele que é bem doloroso: despedir de quem gostamos. Queria que momentos como esse não existissem, que as pessoas nunca tivessem que dizer essa palavra aos seus amados, mesmo sabendo que algumas vezes elas tornam-se necessárias.
Somos seres sociais, dotados de sentimentos que às vezes ultrapassam os limites. Temos necessidades de estar juntos; trocar carinhos, afetos, palavras. Apegamos-nos às pessoas de tal forma que chega a doer e diante de tamanha união, a dor de dizer adeus torna a ser dilacerante. Sofremos pela distância que separa dois ou mais corpos; desperta dentro de nós o amor e não é a separação física que irá colocar fim a esse nobre sentimento; pelo contrário, é essa mesma distância que irá provar o quanto somos fiéis às nossas amizades, a capacidade de não esquecer aquilo que nos marcou por tempos e tempos.
Como queria não ter que dizer adeus. Mas se necessário direi, com o coração partido, sangrando, mas direi. Digo deixando claro que dentro de uma grande amizade, o tempo não apaga todas as emoções vividas, cada palavra dita, o primeiro encontro...  É assim, nada é pra sempre, tudo tem um fim, o que muda é forma como iremos conduzir cada situação, cada dia e cada momento. Dentro da amizade, laços são feitos para não serem rompidos. As raízes desta benevolência se encontram em solos profundos e, por estar bem fixada no solo de nosso coração, é que sobrevivemos ao adeus e assim conseguimos caminhar.
Adeus, palavra que dói na alma, que nos faz chorar e sentir falta, que desperta saudades e nos faz em pedaços. Adeus, palavra que também faz lembrar de minhas responsabilidades para com a “rosa que cativei”.
 “-Adeus, disse ele...
-Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de lembra-se de algo.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho a fim de se lembrar.
-Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...
-Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho a fim de se lembrar.”
E assim será. Jamais irei esquecer a verdade de zelar e cuidar de minha rosa. Ela é o essencial visível aos meus olhos ontem, hoje, amanhã e sempre. Não é o adeus, não é distância, não é a saudade e não é a dor da ausência que irá apagar de dentro de minha memória, do íntimo de meu coração as poucas e verdadeiras amizades que ao longo do tempo consegui cativar. Elas serviram como o meu suporte, minha razão de não desistir de algumas situações e o mais importante: elas foram jóias que o Senhor me concedeu, o tesouro vindo dos céus e abençoado por Deus.
“Num mundo que se faz deserto, temos sede de encontrar um amigo”.
São Luis, 21/ 05/ 2010
Aline Xavier Bras


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