quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Somos ovelhas de Deus

E chegaram-se a ele todos os publicanos e pecadores para O ouvir. E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores, e come com eles. E ele lhes propôs esta parábola, dizendo: Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove, e não vai após a perdida até que venha a achá-la? E achando-a, a põe sobre os seus ombros, gostoso; E, chegando a casa, convoca os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida. "Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.” (Lucas 15, 1-7).


Ele sente falta...  Seu rebanho encontra-se incompleto porque está faltando aquela que é a mais importante. De feição doce e angelical, traços inocentes e expressão reluzente de uma alegria que contagia todos os que estão envolta. Seu coração permanece triste, a sua ausência dói muito. Ele olha em volta e imagina os saltos, a candura de um sorriso espontâneo de uma ovelha que conheceu a paz que reina em vales verdejantes. Sua ausência não é suportável, Ele deixa todos e sai em busca daquela que se perdeu.
Do outro lado, em meio à angústia, solidão, temor, fome, miséria, desesperanças... Sua alma em pleno desespero clama em silêncio ao lembrar o paraíso que viveu.
Abandonada por todos, ignorada e desprezada, esta, sem forças tenta, mas não consegue encontrar o caminho que a levará de volta para sua casa. A prisão de um mundo de “liberdade”, onde tudo era permitido, turva sua visão e tapa os seus ouvidos. Esta é prisioneira de uma vida não vivida, de um falso amor que ainda assim foi passageiro.
Duas almas: uma que salva e liberta, outra que precisa ser salva e libertada; resgatada para o mundo que perdeu.
O Pastor não se cansa, corre e olha em todos os cantos. Seu objetivo é um só: encontrar sua jóia rara. Enfrenta guerras em territórios que não são os seus, ultrapassa seus limites, mas não desiste. Se tiver que ser imolado, sem pensar duas vezes ele entrega sua vida por aquela que jaz em campos desconhecidos.
Ele procura e a encontra..., Ele a encontrou e suas feições notou. Seu coração exulta ao mesmo tempo de alegria e tristeza. O que fizeram com minha ovelha? Onde estar o brilho em seu olhar? O sorriso de inocência que contagiava suas irmãs? A vida em sua alma? Por que tanta solidão e chagas em seu coração? O que fizeram com a filha minha? Seu olhar agora é vago, seu semblante sofrido e enrijecido.
A filha, em meio às lágrimas tenta se levantar e correr para os braços daquele que resplandece a esperança que lhe dará a vida. Luta e tenta retirar de suas dores forças para agarrar o Pastor que irá lhe restaurar. Sua alma clama: vem, vem até mim! Olha pra mim e me tira daqui. Não suporto mais; tenho medo, muito medo. Vem me devolve a alegria de viver, ou ao menos do Teu lado me deixa permanecer, mas não me deixa aqui.
O encontro, a paixão e a emoção presente em dois corações chagados pela ausência e pela solidão.
O Pastor, no ato de compaixão e emoção, pega com toda a delicadeza a pobre ovelha que não tem forças nem para agradecer, mas sabe reconhecer que sobre os ombros deste estará segura e que nunca mais irá se desprender.
Hoje muito pensei neste símbolo cristão cujo significado é inundado de beleza, aliás, quanta exuberância contida nesta parábola, que retrata a total paixão de Jesus por cada um de nós!
Mas, por que a ovelha?
A ovelha é um daqueles animais que não sabe voltar para seu rebanho caso se separe dele. Bem diferente do cachorro ou do gato que sempre encontram o caminho de volta para casa, a ovelha permanece perdida e desnorteada. Este frágil animal, de feição doce e angelical é dependente de um pastor que a leve para o rumo certo.
E o que nós somos quando nos separamos do Pai Celestial? Não sabemos voltar para junto do rebanho, somos ovelhas perdidas e aceitamos passivamente o nosso fim. Mas Deus, não se esquece de nós em nenhum momento. Este é capaz de deixar todas para resgatar uma filha sua. Não importa as razões desta separação, os erros que comentemos, Nosso Bom Pastor olha tudo e perdoa tudo.
"E, vendo as multidões, teve grande compaixão delas, porque andavam cansadas e desgarradas, como ovelhas que não têm pastor". (Mateus 9, 36).
O Bom Pastor não deixa perdida uma ovelha sua.
São Luís, 15/ 07/ 2010
Aline Xavier Bras

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