sábado, 6 de novembro de 2010

É loucura da cruz



Dizem que é loucura sair nas ruas falando de um Jesus; dizem que é loucura falar da grandeza de um Senhor; dizem que é loucura seguir um Cristo nu; é loucura preencher “um vazio do tamanho de Deus”.
Mas nesse mundo onde o errado parece ser certo, não é loucura ir de encontro a uma vida mundana marcada pelo egoísmo, o individualismo, a vaidade e a escravidão em uma vida que proporciona uma falsa liberdade. Não é loucura ir deitar-se cedo na cama confortável esquecendo-se do irmão desabrigado que dorme ao relento por cima de caixas velhas; não é loucura acordar, fazer a oração da manhã com um banquete na mesa, enquanto o vizinho do lado não tem um pão seco para dá ao filho; não é loucura mediante a tais ações abrir a boca e dizer: eu sou um religioso!
Mas na incessante busca de preencher o vazio dentro de mim, na certeza de que Deus me ama e está amando-me, eu deixo o amor amar, e vivendo a ação desse verbo, digo que não é loucura da cruz e nem pode ser pelo simples fato de eu seguir não um Deus, mas sim O Deus, o Senhor e o Jesus, isso porque Ele é único.
Na vida, é assim, uns sabem reconhecer o quão dependentes somos deste Ser superior que ninguém jamais viu, mas em nosso íntimo já sentimos. Muitas vezes é difícil admitir que exista tal Verbo encarnado agindo em nosso favor, carregando-nos no colo quando tudo parece difícil e sem solução. Mas o fato é que não precisamos de provas para perceber que existe algo além de nossa compreensão limitada e humana; que há milhares de anos alguém foi capaz de amar o mundo de tal forma que entregou o seu próprio filho e que Este, sem pensar duas vezes ou levantar algum questionamento, morreu em uma cruz de braços abertos dizendo: “Pai, perdoa, pois eles não sabem o que fazem!”
A mim, na sede que tenho não cabe outra escolha a não ser viver a loucura da cruz. Se para os cegos do amor incondicional serei considerada louca por carregar no peito não uma, mas duas cruzes; louca por ir ao encontro do desabrigado e necessitados que nas ruas estendem as mãos implorando muitas vezes não por um trocado, mas por um pouco de compaixão e humanidade; louca por anunciar àqueles que convivem comigo a boa nova e em orações expressar a face do Divino que habita em mim; louca por sonhar em alcançar a santidade e não a prosperidade de um mundo capitalista, que seja assim. Serei uma louca que na religiosidade se iguala aos pequenos ou no mínimo vai ao encontro deste. Serei uma louca que reconhece o tamanho do sacrifício da cruz que se entrega a todos os momentos se fazendo bem pequeno somente para que eu possa alcançá-lo.
É loucura, loucura da cruz!
São Luis,05/ 11/ 2010
Aline Xavier Bras 

Um comentário:

  1. Line

    A cruz que tememos é a mesma Cruz que nos cumula de vida.
    Vida transfigurada, vida nova em Cristo
    Amar a cruz nao é somente loucura, mas é esvaziamento de si.
    Que Deus seja sempre o teu tudo
    E que te percas nele para encontrar-te mais santa

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