Ao longo do
nosso Ensino Médio aprendemos que a Idade Média foi um período de trevas, com
perdas culturais e de todo e qualquer conhecimento, ou seja, decadência. Mas
hoje em dia, são muitos os estudos que desmitifica essa falsa teoria. A Idade
Média foi nada mais e nada menos do que o período de desenvolvimento
intelectual para o mundo ocidental, período onde se desenvolve por intermédio
da Igreja o sistema universitário. Muitos não admitem, mais na época, a Igreja
era “a única instituição na Europa que manifestava um interesse consistente
pela preservação e cultivo do saber”, afirma o historiador Lowrie Daly.
Tendo seus
primórdios nas “escolas das catedrais e nas posteriores reuniões informais de
professores e alunos”, as universidades ganham corpo e forma na segunda metade
do século XII com o Papado desempenhando “um papel capital na fundação e
incentivo” das mesmas. Nesta época, cabia ao Papa ou imperador emitir o diploma
sendo que em 1254, Papa Inocêncio IV abre uma exceção à Universidade de Oxford
o que contribuiu para a disseminação do conhecimento e comunidade acadêmica.
Este período
de desenvolvimento do sistema universitário foi marcado também por conflitos
sociais. Esses conflitos eram basicamente entre universidades (estudantes) e o
povo. O que acontecia? Que conflitos eram esses? Pois bem, a chegada de
estudantes universitários em uma cidade levantava dois pontos: um positivo e
outro negativo. O ponto positivo consiste na movimentação do comércio, uma vez
que estudantes chegavam com dinheiro, eles movimentavam a economia ao consumir
produtos dos comerciantes locais. Os pontos negativos consistem na
irresponsabilidade e indisciplinas de alguns estudantes, havia também certa
inconformidade dos estudantes com relação aos preços de aluguéis, alimentação e
material de estudos, eles achavam os valores abusivos por conta da dureza da
sociedade.
Com os
estudantes se sentindo ameaçados, a Igreja interveio nessa situação
defendendo-os. Essa proteção foi denominada benefício
do clero que consistia em protegê-los de qualquer maltrato e em caso de
julgamento, eles tinham direito de serem julgados pelo tribunal eclesiástico e
não pelo tribunal civil. No ano de 1231, o papa Gregório IX lançou a bula Parens Scientiarum, concedendo às
universidades de Paris o “direito à autonomia de governo, com o qual podia
elaborar as suas próprias regras a respeito dos cursos e pesquisas”. Por meio
deste documento a universidade entra na história “como uma corporação
intelectual plenamente formada, destinada ao preparo e aperfeiçoamento
acadêmicos”.
Progresso...
Para a Idade das Trevas, esse período trouxe para a sociedade em geral bastante
luz, luz essa que se estende e como um espelho, reflete a imagem do que foi e
do que é até os dias atuais. E dentro dessas luzes, não poderíamos deixar de
falar da Idade Escolástica.
A escolástica
teve seus primeiros indícios de desenvolvimento no momento em que professores
motivavam os alunos a desenvolver a falácia lógica. Eles saiam em busca de
estudantes que formulassem argumentos logicamente sólidos. A escolástica se caracterizava pelo “uso da
razão como ferramenta” principal dos estudos teológicos e filosóficos e para a
dialética. Alguns dos primeiros escolásticos da história foram: Santo Anselmo
de Cantuária, Pedro Abelardo e São Tomás de Aquino. A escolástica se
desenvolvendo, diversas teorias fundamentadas na razão ganhava corpo e
contribuía diretamente para o conhecimento aprofundado de correntes teológicas
e filosóficas.
Períodos de
riquezas materiais e imateriais; é assim que a Idade Média precisa ser vista. A
Igreja, antes de ser condenada de matar e torturar inocentes deveria e deve ser
lembrada pelo legado que hoje nos concede. Graças à força de vontade da Igreja
Católica, “a única instituição na Europa que manifestava um interesse consistente
pela preservação e cultivo do saber”, desposamos de materiais essenciais para o
aprofundamento científico e mais do que isso, contamos com o berço desse
conhecimento: a Universidade.
Precisamos
aprender muito sobre tudo o que rege a história. A Igreja que é santa e una
abriu as portas para a reconstrução do mundo ocidental. Servindo de exemplo e
mostrando as mais diversas possibilidades de crescimento científico e
tecnológico, a Igreja fez questão de não aprisionar para si tudo aquilo que era
descoberto, pelo contrário, ela queria apresentar ao mundo as possibilidades de
levantar-se em meio à destruição. Prova disso é de fato a universidade. Fonte
de conhecimento universal, contato não apenas com um pequeno espaço, mas com
todo o espaço, com todas as culturas e formas de pensar.
São Luís, 10/04/2013
Aline Xavier Bras
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