É dever de todo cristão católico buscar conhecer a Santa Igreja a cada
momento. Conhecer não apenas o que ela faz hoje, mas aquilo que ela fez e
deixou de fazer; conhecer o seu processo de evolução para que no dia a dia não
caiamos nas ciladas da ignorância.
Para que justamente possamos nos aprofundar na história da Igreja, é
que resolvi mudar um pouco o meu contexto de escrita, a fim de partilhar com
todos os seguidores um pouco da história. Não é algo muito profundo, mas que
ajudará cada leitor a refletir um pouco. Hoje, vamos fazer uma breve análise
sobre a Idade das Trevas, apresentado a postura da Igreja diante deste período
marcado pelo declínio e pela luta da Igreja para evitar a total destruição.
Bem, a expressão Idade das Trevas consiste no milênio que transcorreu
o fim da Antiguidade e o Renascimento. Baseada na cultura Greco-romana e da
época do Renascimento, para alguns historiadores, este foi um período com pouco
desenvolvimento cultural e científico. Tais historiadores culpam a Igreja, pois
segundo eles, “por colocar a fé como único caminho a ser seguido”, o avanço não
ocorria. Mas, o que muitos não fazem questão de querer saber é que tal
retrocesso foi ocasionado pelas invasões bárbaras e que, se não fosse a Igreja,
os resultados teriam sido bem ruins, pois era a Igreja quem ali lutava para
impedir tal declínio. O historiador Will Durant afirma que “A principal causa
do retrocesso cultural não foi o cristianismo, mas a invasão bárbara; não a
religião, mas a guerra. Os aluviões humanos arruinaram ou empobreceram cidades,
mosteiros, bibliotecas, escolas, e tornaram impossível a vida dos estudantes e
dos cientistas. Mas a ruína talvez fosse muito maior se a Igreja não tivesse
mantido uma certa ordem em uma civilização que se desintegrava.”
Durante o século III, a dedicação dos generais romanos consistia em
fazer imperadores e não em proteger as fronteiras contra os bárbaros, o que
acabou por facilitar as invasões, cuja decadência variava conforme as tribos,
que se diferenciavam entre si, sendo alguns hostis e outros não.
Diante das ruínas, estando o Império Romano do Ocidente completamente
dividido e sem ordem política, a Igreja tentava restabelecer alicerces de uma
civilização que outrora era encantadora. De acordo com o historiador Thomas E.
Woods, Carlos Magno fez todo o possível para construir a Nova Europa pós
imperial sobre a religião católica. Christopher Dawson também afirma que a
Igreja introduziu a lei do Evangelho e a ética do Sermão da Montanha entre os
bárbaros. Nesses pequenos detalhes, a Igreja começa a semear um pouco de luz em
meio às trevas. Aos poucos visigodos e outras tribos vão se deixando converter.
Clovis tem sido um grande exemplo de conversão; casando-se com a católica
Clotilde houve certa abertura para a disseminação da religião, dando esperança
de um resgate daquilo que fora perdida. Nesta luta de esperança, religiosos
acreditavam que o passo inicial era converter os monarcas ao catolicismo, já
que os bárbaros se identificavam com seus líderes. Mas tal missão não foi
fácil. Os sacerdotes tinham o cuidado de não impor, mas com cautela celebravam
missas ao mesmo tempo em que ofereciam sacrifícios aos antigos deuses da
natureza, pois “não bastava converter os bárbaros, era necessário guiá-los” a
fim de garantir e consolidar a fé por meio da conversão, transformando-a em um
modo de vida.
A Igreja, ao longo deste trajeto revolucionário passou por algumas
provações de ordem interna e externa. Clovis pertencia a uma linhagem de reis
merovíngios, ou seja, uma dinastia franca saliana cujos governantes se
envolviam constantemente em guerras civis entre os ramos família, o que afetou
a Igreja a ponto de fazer com que os sacerdotes francos que não eram fiéis às
suas doutrinas se deixassem corromper pela imoralidade da época, havendo assim
uma disputa pelo controle do bispado, que era para muitos, sinônimo de poder e
riqueza. Para restaurar a civilização cristã, no século VIII o Papado recorre
aos francos em busca de uma aliança, sendo que no século anterior, sem a
proteção do império e sobre ameaça dos bárbaros bizantinos, a Igreja toma a
decisão de “afastar-se dos imperadores de Constantinopla e procurar e a
proteção e cooperação dos francos, que apesar de semi-bárbaros, eram
convertidos ao catolicismo.
Com essa aliança se firmando, no século VIII, ao longo de um intenso
processo entre merovíngios e francos, Papa Zacarias I abençoa o reino dos
francos. Com esta benção, os eclesiásticos ganham a liberdade de trabalhar a
restauração da civilização. Carlos Magno, o maior rei franco da época,
personifica seu reinado fomentando a educação e as artes, solicitando aos
bispos a organização de escolas ao redor das catedrais, o que incentivou a vida
intelectual, dando inicio a Renascença Carolíngia.
“O espírito da Renascença Carolíngia nunca arrefeceu, apesar dos
terríveis golpes infligidos pelos invasores vikings, magiares e muçulmanos nos
séculos IX e X. Mesmo nos dias mais tenebrosos dessas invasões, o espírito de
estudo permaneceu sempre vivo nos mosteiros e assim tornou possível o seu pleno
renascimento em tempos mais calmos”.
Com a morte de Carlos Magno, a Igreja continua a difundir o
conhecimento e a expandir a educação. Em aldeia e cidades, os sacerdotes abriam
escolas e desempenhavam a tarefa de educar sem pedir nada em troca.
Na Europa, a Igreja foi a única
luz que sobreviveu às constantes invasões bárbaras dos séculos IV e V. Em meio
a tantas invasões e ataques a determinação de monges, sacerdotes e religiosos
foi essencial para que futuramente a cultura e a educação fosse disseminada.
Muitos professores religiosos surgiram e com tantos estudos, eles tornaram-se
essenciais para o progresso. Destes, o maior fruto da Igreja foi o
desenvolvimento do sistema universitário.
É desta forma, que a Igreja, apesar dos erros cometidos por alguns
religiosos, conseguiu reconstruir uma civilização. Por meio do amor e da
dedicação, superou ataques e enfrentou batalhas. Graças à sua prontidão e
resistência a ciência continua a progredir.
São Luís, 02/04/2013
Aline Xavier Bras
Esperando mais textos sobre a história da Igreja, já que sou muuuuito leiga no assunto. Abraço!
ResponderExcluirAmada, desde já agradeço pela atenção.Estarei me esforçando para sempre está atualizando o conteúdo do blog com assuntos voltados para a história da Igreja!
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