terça-feira, 2 de abril de 2013

Uma luz nas trevas




É dever de todo cristão católico buscar conhecer a Santa Igreja a cada momento. Conhecer não apenas o que ela faz hoje, mas aquilo que ela fez e deixou de fazer; conhecer o seu processo de evolução para que no dia a dia não caiamos nas ciladas da ignorância.
Para que justamente possamos nos aprofundar na história da Igreja, é que resolvi mudar um pouco o meu contexto de escrita, a fim de partilhar com todos os seguidores um pouco da história. Não é algo muito profundo, mas que ajudará cada leitor a refletir um pouco. Hoje, vamos fazer uma breve análise sobre a Idade das Trevas, apresentado a postura da Igreja diante deste período marcado pelo declínio e pela luta da Igreja para evitar a total destruição.
Bem, a expressão Idade das Trevas consiste no milênio que transcorreu o fim da Antiguidade e o Renascimento. Baseada na cultura Greco-romana e da época do Renascimento, para alguns historiadores, este foi um período com pouco desenvolvimento cultural e científico. Tais historiadores culpam a Igreja, pois segundo eles, “por colocar a fé como único caminho a ser seguido”, o avanço não ocorria. Mas, o que muitos não fazem questão de querer saber é que tal retrocesso foi ocasionado pelas invasões bárbaras e que, se não fosse a Igreja, os resultados teriam sido bem ruins, pois era a Igreja quem ali lutava para impedir tal declínio. O historiador Will Durant afirma que “A principal causa do retrocesso cultural não foi o cristianismo, mas a invasão bárbara; não a religião, mas a guerra. Os aluviões humanos arruinaram ou empobreceram cidades, mosteiros, bibliotecas, escolas, e tornaram impossível a vida dos estudantes e dos cientistas. Mas a ruína talvez fosse muito maior se a Igreja não tivesse mantido uma certa ordem em uma civilização que se desintegrava.”
Durante o século III, a dedicação dos generais romanos consistia em fazer imperadores e não em proteger as fronteiras contra os bárbaros, o que acabou por facilitar as invasões, cuja decadência variava conforme as tribos, que se diferenciavam entre si, sendo alguns hostis e outros não.
Diante das ruínas, estando o Império Romano do Ocidente completamente dividido e sem ordem política, a Igreja tentava restabelecer alicerces de uma civilização que outrora era encantadora. De acordo com o historiador Thomas E. Woods, Carlos Magno fez todo o possível para construir a Nova Europa pós imperial sobre a religião católica. Christopher Dawson também afirma que a Igreja introduziu a lei do Evangelho e a ética do Sermão da Montanha entre os bárbaros. Nesses pequenos detalhes, a Igreja começa a semear um pouco de luz em meio às trevas. Aos poucos visigodos e outras tribos vão se deixando converter. Clovis tem sido um grande exemplo de conversão; casando-se com a católica Clotilde houve certa abertura para a disseminação da religião, dando esperança de um resgate daquilo que fora perdida. Nesta luta de esperança, religiosos acreditavam que o passo inicial era converter os monarcas ao catolicismo, já que os bárbaros se identificavam com seus líderes. Mas tal missão não foi fácil. Os sacerdotes tinham o cuidado de não impor, mas com cautela celebravam missas ao mesmo tempo em que ofereciam sacrifícios aos antigos deuses da natureza, pois “não bastava converter os bárbaros, era necessário guiá-los” a fim de garantir e consolidar a fé por meio da conversão, transformando-a em um modo de vida.
A Igreja, ao longo deste trajeto revolucionário passou por algumas provações de ordem interna e externa. Clovis pertencia a uma linhagem de reis merovíngios, ou seja, uma dinastia franca saliana cujos governantes se envolviam constantemente em guerras civis entre os ramos família, o que afetou a Igreja a ponto de fazer com que os sacerdotes francos que não eram fiéis às suas doutrinas se deixassem corromper pela imoralidade da época, havendo assim uma disputa pelo controle do bispado, que era para muitos, sinônimo de poder e riqueza. Para restaurar a civilização cristã, no século VIII o Papado recorre aos francos em busca de uma aliança, sendo que no século anterior, sem a proteção do império e sobre ameaça dos bárbaros bizantinos, a Igreja toma a decisão de “afastar-se dos imperadores de Constantinopla e procurar e a proteção e cooperação dos francos, que apesar de semi-bárbaros, eram convertidos ao catolicismo.
Com essa aliança se firmando, no século VIII, ao longo de um intenso processo entre merovíngios e francos, Papa Zacarias I abençoa o reino dos francos. Com esta benção, os eclesiásticos ganham a liberdade de trabalhar a restauração da civilização. Carlos Magno, o maior rei franco da época, personifica seu reinado fomentando a educação e as artes, solicitando aos bispos a organização de escolas ao redor das catedrais, o que incentivou a vida intelectual, dando inicio a Renascença Carolíngia.
“O espírito da Renascença Carolíngia nunca arrefeceu, apesar dos terríveis golpes infligidos pelos invasores vikings, magiares e muçulmanos nos séculos IX e X. Mesmo nos dias mais tenebrosos dessas invasões, o espírito de estudo permaneceu sempre vivo nos mosteiros e assim tornou possível o seu pleno renascimento em tempos mais calmos”.
Com a morte de Carlos Magno, a Igreja continua a difundir o conhecimento e a expandir a educação. Em aldeia e cidades, os sacerdotes abriam escolas e desempenhavam a tarefa de educar sem pedir nada em troca.
 Na Europa, a Igreja foi a única luz que sobreviveu às constantes invasões bárbaras dos séculos IV e V. Em meio a tantas invasões e ataques a determinação de monges, sacerdotes e religiosos foi essencial para que futuramente a cultura e a educação fosse disseminada. Muitos professores religiosos surgiram e com tantos estudos, eles tornaram-se essenciais para o progresso. Destes, o maior fruto da Igreja foi o desenvolvimento do sistema universitário.
É desta forma, que a Igreja, apesar dos erros cometidos por alguns religiosos, conseguiu reconstruir uma civilização. Por meio do amor e da dedicação, superou ataques e enfrentou batalhas. Graças à sua prontidão e resistência a ciência continua a progredir. 

São Luís, 02/04/2013
Aline Xavier Bras

2 comentários:

  1. Esperando mais textos sobre a história da Igreja, já que sou muuuuito leiga no assunto. Abraço!

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  2. Amada, desde já agradeço pela atenção.Estarei me esforçando para sempre está atualizando o conteúdo do blog com assuntos voltados para a história da Igreja!

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