Meus
pensamentos são sempre muito enigmáticos e por diversas vezes me pergunto como
tantos pensamentos podem dominar minha mente de uma só vez. Nisso, conteúdos
para serem partilhados se perdem, pois nunca consigo transcrevê-los da forma
como eles intensificam-se dentro de mim. O fato é que hoje me questionava
durante a Santa Missa: o que me resta?
Ainda em minha
juventude, concerteza ou aparentemente me resta muitas coisas, mas diante de
todas as experiências que já vivi e ainda tenho para viver, o que me resta é
algo que venha preencher a minha alma não de forma passageira, mas de uma
maneira profunda, única e eterna. Eterna sim, a ponto de ser passado de geração
em geração. Quem é o pai que não tem uma história de infância para narrar? Quem
é o avô que não guarda grandes lições de vida para seus netos? Isso, em parte são
momentos que restaram a eles e que de certa forma se eternizaram e continuam a
se eternizar. E a mim, o que resta? Vejo de forma singela e até mesmo puritana que
dentro da minha vida de altos e baixos; de quedas e otimismo; de fraqueza e
fortaleza e principalmente dentro da minha caminhada na Igreja Católica Apostólica
Romana, que o que me resta de fato é amar a Deus sobre todas as coisas.
Amar porque ao
longo da minha trajetória busquei de forma torta e algumas vezes reta as coisas
do alto. Busquei de um jeito jovial a alegria da minha juventude que consistia
em atos que não eram individualistas, mas doadora. Confesso que muitas vezes,
diante de minha fraqueza fui egoísta (não propositalmente, mas por inocência) não
só para com o próximo, mas principalmente para comigo mesma, porque foi em mim
que mais doeu cada passo torto dado na estrada da vida.
Por sua vez,
sabemos que nesta estrada VIDA não caminhamos sozinhos, sempre tem aquele que
se destaca e nos dá uma sacudida que nos desperta para a vida. E que despertar!
Eu sei que eternamente guardei a certeza de que eu encontrei um amor perfeito,
um amor que é insubstituível, mesmo que eu venha me apaixonar por um rapazinho.
Isso, porque se apaixonar por um rapaz é diferente de se tornar uma alma
completamente apaixonada por Deus. Então,
meu questionamento é: o que temem os homens a essa entrega total ao Amor de
toda a vida? Por que não se desprender da mísera corrente do apego para
entregar-se ao que existe de mais belo neste mundo? A resposta é única: covardia!
Doeu? Foi
forte demais essa palavra? Pois lamento dizer que se doeu, é porque meu
objetivo foi alcançado. Você que não aprendeu amar a Deus e que não compreende
que a única coisa que te resta de fato é amá-Lo, é porque infelizmente você é
um mero mortal covarde no ato de violentar-se no amor de quem realmente o ama! Digo
violentar-se porque o ato de amar requer renuncias, requer entrega e requer
sofrer, pois quem ama sem sofrer profundamente, nem ao menos conhece o real
sentido do amor.
O amor de Deus
tem a capacidade de nos fazer humanos; o amor divino penetra nas entranhar de
nossa carne para atingir o ápice da espiritualidade, renovando e inebriando
nosso ser de uma felicidade que somente ao experênciar compreenderemos a dimensão
do que resta ao amar quem primeiro nos amou. A quem podemos ir, quando Deus se
faz a voz que nos dá vida? Se Deus é o amor que nos faz livres para escolhermos
nossos próprios passos?
Oxalá os
homens compreendessem que a nossa maior felicidade consiste naquilo que nos
resta: Amar a Deus!
São Luís, 28/ 10/ 2012
Aline Xavier Bras
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