domingo, 28 de outubro de 2012

Tudo o que me resta




Meus pensamentos são sempre muito enigmáticos e por diversas vezes me pergunto como tantos pensamentos podem dominar minha mente de uma só vez. Nisso, conteúdos para serem partilhados se perdem, pois nunca consigo transcrevê-los da forma como eles intensificam-se dentro de mim. O fato é que hoje me questionava durante a Santa Missa: o que me resta?
Ainda em minha juventude, concerteza ou aparentemente me resta muitas coisas, mas diante de todas as experiências que já vivi e ainda tenho para viver, o que me resta é algo que venha preencher a minha alma não de forma passageira, mas de uma maneira profunda, única e eterna. Eterna sim, a ponto de ser passado de geração em geração. Quem é o pai que não tem uma história de infância para narrar? Quem é o avô que não guarda grandes lições de vida para seus netos? Isso, em parte são momentos que restaram a eles e que de certa forma se eternizaram e continuam a se eternizar. E a mim, o que resta? Vejo de forma singela e até mesmo puritana que dentro da minha vida de altos e baixos; de quedas e otimismo; de fraqueza e fortaleza e principalmente dentro da minha caminhada na Igreja Católica Apostólica Romana, que o que me resta de fato é amar a Deus sobre todas as coisas.
Amar porque ao longo da minha trajetória busquei de forma torta e algumas vezes reta as coisas do alto. Busquei de um jeito jovial a alegria da minha juventude que consistia em atos que não eram individualistas, mas doadora. Confesso que muitas vezes, diante de minha fraqueza fui egoísta (não propositalmente, mas por inocência) não só para com o próximo, mas principalmente para comigo mesma, porque foi em mim que mais doeu cada passo torto dado na estrada da vida.
Por sua vez, sabemos que nesta estrada VIDA não caminhamos sozinhos, sempre tem aquele que se destaca e nos dá uma sacudida que nos desperta para a vida. E que despertar! Eu sei que eternamente guardei a certeza de que eu encontrei um amor perfeito, um amor que é insubstituível, mesmo que eu venha me apaixonar por um rapazinho. Isso, porque se apaixonar por um rapaz é diferente de se tornar uma alma completamente apaixonada por Deus.  Então, meu questionamento é: o que temem os homens a essa entrega total ao Amor de toda a vida? Por que não se desprender da mísera corrente do apego para entregar-se ao que existe de mais belo neste mundo?  A resposta é única: covardia!
Doeu? Foi forte demais essa palavra? Pois lamento dizer que se doeu, é porque meu objetivo foi alcançado. Você que não aprendeu amar a Deus e que não compreende que a única coisa que te resta de fato é amá-Lo, é porque infelizmente você é um mero mortal covarde no ato de violentar-se no amor de quem realmente o ama! Digo violentar-se porque o ato de amar requer renuncias, requer entrega e requer sofrer, pois quem ama sem sofrer profundamente, nem ao menos conhece o real sentido do amor.
O amor de Deus tem a capacidade de nos fazer humanos; o amor divino penetra nas entranhar de nossa carne para atingir o ápice da espiritualidade, renovando e inebriando nosso ser de uma felicidade que somente ao experênciar compreenderemos a dimensão do que resta ao amar quem primeiro nos amou. A quem podemos ir, quando Deus se faz a voz que nos dá vida? Se Deus é o amor que nos faz livres para escolhermos nossos próprios passos?
Oxalá os homens compreendessem que a nossa maior felicidade consiste naquilo que nos resta: Amar a Deus!

São Luís, 28/ 10/ 2012
Aline Xavier Bras

Nenhum comentário:

Postar um comentário